Sempre que falamos de transporte no Brasil, esbarramos em vários problemas. Possuímos a quinta maior extensão territorial do mundo, além disso, temos um largo litoral e extensos rios. No entanto, o país fica bastante atrás nos indicadores quando o assunto é infraestrutura logística.
Rodovias em estado crítico e malha ferroviária, portos e hidrovias insuficientes são grandes entraves para alavancar a produtividade da economia brasileira. A infraestrutura logística do Brasil tem um grande desafio pela frente se quiser alcançar as grandes potências mundiais. Pensando nisso, separamos alguns pontos que precisam ser melhorados e, assim, contribuir para que os indicadores de rede de transporte no país saiam do buraco.
Diversificação dos meios de transporte
Todo estudante de logística sabe que no Brasil as rodovias têm papel de destaque no transporte de mercadorias, apesar da enorme costa e dos rios navegáveis. Este privilégio do modal rodoviário em detrimento aos outros modais vem desde o início da república brasileira. Estudos colocam aproximadamente 60% das cargas nacionais sendo transportadas pelas rodovias. Isso é fato. Outro fato é que para percursos longos (acima de 150 km), as rodovias não são o meio de transporte mais adequado, perdendo em competitividade e custos para as ferrovias. Mas no Brasil tem caminhão rodando de norte à sul, mais de 3000 km. (Veja nosso post com as principais rotas do país.)
Situação precária das rodovias
Apenas 11% das nossas estradas são pavimentadas (196 mil km). Sim, 11%. Temos aproximadamente 1,7 milhão de quilômetros de rodovias, e apenas uns 200 mil km pavimentados. E o resto do BRIC (sigla para os 4 países em desenvolvimento que mais têm potencial - e que mais têm crescido - no mundo: Brasil, Rússia, Índia e China)? A Rússia tem mais de 600 mil km de rodovias asfaltadas, enquanto Índia e China tem, cada uma, em torno de 1,5 milhão de km de rodovias asfaltadas. É como colocar asfalto em todas as rodovias brasileiras. Se quisermos comparar fora do BRIC, aí vira brincadeira: os EUA têm mais de 4 milhões de km de rodovias asfaltadas, mais do que a soma dos BRIC.
Agilidade nas obras
Por mais que existam autorizações para a realização de obras na rede de transporte brasileira, como obras incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, diversos trâmites prolongam a expansão e a melhoria dos modais, bem como a respectiva integração e complementaridade entre eles. Em alguns casos, falta licenciamento ambiental para a abertura de novos trechos; em outros, os recursos são insuficientes. O resultado é um atraso na conclusão das obras e um aumento significativo do valor inicial previsto para a execução dos trabalhos.
Mau uso das ferrovias
A malha ferroviária produtiva do Brasil ainda é a mesma da época do Império, pra vocês terem uma noção da situação. Além de antiga, sucateada e pequena, é diferente de uma região para outra. Isto significa que um trem não consegue ir de uma região à outra, pois os trilhos são incompatíveis. Se isso não bastasse, vamos aos números:
Novamente, o Brasil é o último no ranking. Temos algo em torno de 30 mil km de ferrovias. Para alcançarmos o 3º lugar do BRIC, a Índia, seria preciso dobrar e fazer mais um pouco. A Índia conta com 63 mil km de ferrovias, a China com 77 mil e a Rússia com 87 mil km. E o Brasil com seus 30.
Apenas para informação, pois a comparação seria piada, os EUA têm mais de 220 mil km de trilhos, todos compatíveis.
Produtos caros
As dificuldades para realizar um transporte e um escoamento eficiente no Brasil, devido a infraestrutura logística estar aquém da capacidade produtiva do país, interfere no valor dos custos de produção. A situação é pior em áreas que estão mais afastadas dos grandes centros econômicos do país, mas que apresentam alta produtividade, como o Centro-Oeste. O frete é elevado, as taxas cobradas também e, consequentemente, encarecem o produto quando ele chega à mão do consumidor. Isso tem feito o Brasil perder boas oportunidades de expandir seus negócios em nível mundial.
Aumento nos investimentos
Uma das soluções para melhorar a infraestrutura logística brasileira passa necessariamente por investimentos — que são tímidos, mesmo com as concessões de trechos de rodovias, ferrovias e portos feitas pelo governo federal nos últimos anos. Até mesmo na América do Sul, Chile e Colômbia destinam quantias maiores do Produto Interno Bruto para incrementar os transportes.
Comparar com o BRIC não tem necessidade, já que vimos nos parágrafos acima Rússia, Índia e China dando um banho no Brasil em investimentos.
Burocracia
Além das melhorias essenciais a serem feitas na infraestrutura logística, outro problema que necessita de melhorias na transporte nacional diz respeito à burocracia para a liberação de mercadorias e produtos, principalmente nos terminais de aeroportos de carga. O alto grau de burocratização para a realização de entregas de produtos com alto valor agregado é extremamente demorado no Brasil. Segundo um estudo do ano de 2013 feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o tempo gasto no país chega a até uma semana, enquanto na China é de aproximadamente quatro horas.
Minimizando problemas com galpões logísticos
O uso de galpões logísticos para a criação de centros de distribuição tem contribuído para diminuir o deslocamento de cargas e economizar com custos de operação e de manutenção por parte das empresas. (Veja nosso post com dicas para alugar um galpão logístico.)
Os pontos a melhorar são muitos? Sim. Temos condições de mudar consideravelmente o cenário atual? Temos. Basta um pouco mais de cuidado dos órgãos responsáveis, os resultados positivos para a economia serão imediatos. A Polifrete acredita que a situação da infraestrutura logística do Brasil vai sair da situação que se encontra atualmente e coloca à disposição sua ferramenta de aluguel de fretes, diminuindo custos dos contratantes, facilitando e movimentando o mercado.
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