A logística compartilhada é baseada no conceito de economia colaborativa, criando mecanismos de compartilhamento de serviços e aproveitamento de processos entre pessoas com os mesmos interesses e necessidades. Tudo isso é amplamente facilitado pelo uso de plataformas digitais, como por exemplo, vemos acontecer com o Uber e o Airbnb.
O objetivo da logística compartilhada é tornar produtos e serviços mais baratos para empresas e consumidores. Acontece que a maioria das grandes corporações, mesmo sabendo desses benefícios, ainda mantêm núcleos de distribuição e infraestruturas próprias para suportar as suas operações. Algo cultural? Pode ser, já que elas ainda preferem apostar em um modelo que, digamos, é "garantia de bons resultados", a apostar em algo que pode ser um "tiro no escuro", o que não é verdade, pois vemos todos os dias esse modelo de economia colaborativa apresentar resultados bastante positivos.
Por aqui, já existem algumas iniciativas de centros de logística compartilhados, mas ainda é algo bem inicial. A exemplo dos CSCs (centros de serviços compartilhados) - que levaram certo tempo para amadurecerem, mas hoje já estão bem difundidos no país – os CLCs estão percorrendo o mesmo caminho e representam uma nova fronteira para o mercado.
Pensando em abrir os olhos cada vez mais de grande empresas, listamos algumas vantagens de escolher a logística compartilhada como prática em seu negócio.
Reduzir custos de armazenamento
Imagine que no armazém de uma determinada empresa exista 30% de espaço ocioso. Enquanto isso, outra empresa necessita de um espaço equivalente. Não seria vantajoso para ambas que se encontrassem e fizessem uma parceria? Para a primeira, o dinheiro do aluguel poderia, por exemplo, ser investido em melhorias no armazém, enquanto a outra poderia economizar o dinheiro que seria investido em um espaço próprio e usar para o crescimento da empresa.
Transporte com menos custos e danos ao meio ambiente
A logística compartilhada serve também para o transporte. Empresas com frota própria muitas vezes voltam de viagens com o caminhão vazio, dobrando os custos logísticos. Encontrar parceiros que desejam embarcar suas mercadorias nesse retorno traz vantagens para ambos. Isso vale também para pequenos lotes que precisam seguir rotas similares. Se as empresas dividem os custos, a viagem torna-se mais barata para todos.
A Ambev é uma das empresas que segue esse modelo desde 2009 e já criou o projeto Frota Compartilhada. Com isso, conseguiu baratear em 50% os gastos com logística nas rotas abraçadas pelo projeto. A empresa também deixou de lançar 3 mil toneladas de gás carbônico e economizou 5 milhões de litros de óleo diesel com projetos de transporte colaborativo. Nos últimos quatro anos, as viagens colaborativas da Ambev aumentaram em 210%, que incluem também o Frota Circular – projeto em que um mesmo caminhão é usado para fazer o transporte de diferentes insumos da cervejaria.
Caso semelhante acontece com a Korin. A empresa pioneira na produção de frangos e ovos livres de antibióticos e com certificação de bem-estar animal, em apenas 2 anos usando o modelo de logística compartilhada, conseguiu reduzir o impacto dos gastos com transporte em 25%. O processo foi implantado quando a empresa adaptou os veículos de distribuição com uma divisória térmica onde poderia conciliar sua carga seca e congelada no mesmo caminhão. Antes, o destinatário recebia duas entregas de produtos em horários diferentes. Hoje, a carga é entregue de uma só vez. Este modelo gerou uma economia de 30% desde sua implantação.
Mais agilidade com a logística compartilhada
Manter uma estrutura própria tem seus benefícios em relação a prioridade e gestão de recursos, mas a logística compartilhada também pode ser vantajosa porque permite que a empresa tenha flexibilidade. Imagine, por exemplo, que sua empresa precise fazer uma entrega saindo de São Paulo até Santa Catarina, mas que todos os caminhões estão empenhados em uma grande encomenda para Minas Gerais. Sem os sistemas colaborativos, a entrega de Santa Catarina precisaria esperar. Já com a logística compartilhada, é possível encontrar um parceiro que tenha um destino parecido e disposto a fazer a entrega o mais breve possível.
Como podemos ver, chegou o momento da economia colaborativa e a logística compartilhada vem com força. Algumas empresas gigantes já mostram resultados muito positivos adotando o processo e torcemos para que outras corporações também comecem usar o compartilhamento de serviços. As empresas e os consumidores ganham e o meio ambiente agradece.